segunda-feira, 22 de julho de 2013

BANA – UM DIGNO FILHO DAS ILHAS


  1. A morte do cantor cabo-verdiano, Bana, colheu-me de surpresa e abalou os meus alicerces emocionais. Tinha-o como uma das maiores referências da música do Arquipélago. A morte do Bana transportou-me de volta para as memórias de há dezenas de anos, quando eu ainda era um jovem e o Bana estava já na fase madura da sua vida.

 

  1. Através do Bana, tomei um mais íntimo contacto com a música das Ilhas. Mas, também. com Luís Morais, depois com a bela voz de Cesária Évora. Com o passar do tempo, passei a ouvir Ildo Lobo, ele que ocupa um lugar destacado no panteão dos grandes cantores das Ilhas.

 

  1. Muito antes do Bana, já ouvia os cantares de Fernando Queijas, e soube do significado e das composições de Eugénio Tavares, Manuel de Novas e de B. Leza. A música e a poesia de Cabo Verde sempre me encheram a alma – moldaram-me a alma. Parte da minha infância – e também da minha juventude – foi vivenciada sob os acordes da música cabo-verdiana.

 

  1. A minha mãe, filha de cabo-verdiano, tinha presente no sangue o gene da morabeza. No seu paladar reinava, igualmente, o gosto pela catchupa. Foi, pois, ela que nos ensinou o sentir da morabeza e o gostar da catchupa…

 

  1. Nos momentos de maior nostalgia, emergiam do quarto da minha mãe sons de mornas, de fados e de música clássica de que ela tanto gostava. A minha mãe apreciava a boa música – que era, talvez, a sua melhor companhia.

 

  1. O Eleutério Sanches e o Tomás de Jesus Henriques, que depois vieram a criar o conjunto “Estrela Canora” – constituído por filhos de cabo-verdianos – faziam serenatas para a minha família, para as minhas irmãs, tocando violão e cantando cantares das Ilhas. A sua companhia e os seus cantares atenuava-nos a dor do pai precocemente perdido. Assim, fomos ganhando um grande afecto pela música das Ilhas e pela sua poesia. Os músicos cabo-verdianos eram, no fundo, todos poetas…

 

  1. Guardo imensa saudade desses momentos da minha infância. Uma saudade que aumenta quando ouço (ou leio) o poema do Mário António recordando “os emigrados das ilhas que falam de bruxedos e sereias e tocam violão…”. Conheci o local onde habitavam muitos desses emigrados das Ilhas, e recordo-me de ouvir o som do seu violão a embalar a nostalgia da morna…

 

  1. Passados alguns anos (não tantos assim), lá fui eu parar a uma das Ilhas, ao Arquipélago da Morabeza. Foi aí que eu senti na carne e no osso o efeito da estiagem que obrigou os seus homens e mulheres a demandaram outras paragens. Muitos deles vieram para Angola.

 

  1. Os filhos das Ilhas cruzaram os oceanos em busca de uma guarida, de um espaço menos exposto aos caprichos da natureza. Os filhos da Ilhas viraram verdadeiros cavaleiros andantes e colocaram pedras nos alicerces do mundo… De algum modo, Angola é também um pouco um fruto dos filhos das Ilhas… Aqui, em Angola, os filhos da Ilhas trabalharam duro, de um modo abnegado, quase de sol a sol. E, no repouso, abriram sempre as portas da saudade. Tocando violão, como os quis imortalizar o poeta Mário António.

 

  1. Nesse belo poema caracterizando as noites de luar no Morro da Maianga, o Mário António recordou a alma e também a têmpera dos cabo-verdianos… Têmpera do guerreiro, do cruzador de oceanos, de gente que não hesita em percorrer o mundo em busca de um pequeno espaço de felicidade.

 

  1. O meu avô Vicente Costa cruzou o oceano aos 15 anos de idade, vindo de Santo Antão, da Ribeira Grande. Possivelmente, terá embarcado da Ponta do Sol. O meu avô Vicente Costa deixou nas suas costas a dependência da natureza. O meu avô Vicente Costa não se quis sujeitar aos caprichos da natureza – por isso, não se rendeu. Não se deixou postado na costa ou no cimo da montanha a olhar o mar infinito – sem esperança. O meu avô Vicente Costa partiu para a aventura. E venceu.

 

  1. Quando cheguei ao Tarrafal, sobre as montanhas que circundavam o Campo ainda restavam vestígios de uma chuva velha, impregnada numa minúscula película de verde vegetal. Tive oportunidade de ver algum gado a pastar. Mas, com o passar do tempo, o gado foi emagrecendo, foi perdendo imponência e beleza, dando a ideia de que estava a perder a esperança de resistir à natureza.

 

  1. Na encosta da montanha iam ficando apenas as cabras a vasculhar por debaixo das pedras, buscando pequenas raízes para se alimentarem. E as mulheres, magras e curvadas, subindo ou descendo a encosta, como se estivessem em busca de nada…

 

  1. A estiagem quase que matou todo o gado de Cabo Verde. O pouco que restou foi enviado para a Guiné, onde a chuva caía em abundância. Nas Ilhas, ficara apenas o ronronar do Harmatão – esse vento forte que sopra do continente africano, que vem do deserto, que transporta a morte animal e vegetal. Ficaram também os corvos e as pragas de gafanhotos. Até mesmo as moscas que acompanham o gado haviam bazado… Foi assim que nos tornamos todos, verdadeiramente, flagelados do vento leste…

 

  1. Com o passar dos anos, a chuva teimava em não cair. E os homens da Ilhas partiram para Portugal, para a França, para a Holanda, para a América. E as Ilhas gemiam de dor e de saudade. E nós, os presos, continuávamos para ali lançados, na esperança de um dia diferente… Mas, resistimos, juntamente com os burros, com os corvos e com alguns insectos. E com o povo que ficou na miséria. A estiagem arrasava tudo, massacrava as Ilhas. E os filhos da Ilhas partiam cada vez mais. Hoje, muitos do seus descendentes povoam países em várias partes do mundo.

 

  1. Até que um dia choveu… Caiu chuva braba que, rapidamente, abriu sulcos na encosta da montanha. Pareciam rios loucos a procura do mar. Mas, a chuva desapareceu tão rápido como chegou….

 

  1. Essa chuva louca matou uma jovem mulher, acabada de casar. A noiva que a chuva louca matou casara no dia anterior. E o emigrante que veio apenas para casar ficou viúvo, de súbito.

 

  1. A noiva do emigrante, que aproveitou o sulco de água aberto na montanha para lavar a roupa, foi enrolada pela corrente que desceu a montanha, arrastando tudo no caminho. De dentro do Campo, ouvi os gritos do povo, descendo a montanha. Uma noiva estava a ser enrolada e destroçada pela água e pelas pedras que encontrava no caminho. O noivo ficou viúvo, de súbito.

 

  1. Esse foi o dia em que eu tomei conhecimento de uma realidade que lera apenas no poema que diz que “quando não há chuva, morre-se de sede, e quando a chuva chega, morre-se afogado”.

 

  1. Agora, desta vez, morreu Adriano Gonçalves, o Bana, um digno filho das Ilhas. O Bana não foi vítima da estiagem, nem foi enrolado pela chuva louca que desce a montanha. O Bana, esse ilustre e digno filho das Ilhas, morreu aos 81 anos, em Lisboa.

 

  1. Tenho a certeza que o suor do Bana vai regar o solo das Ilhas. Como aquela chuva doce que Amílcar Cabral cantou para a Cidade Velha… Anunciando a todas as mães de Cabo Verde a chegada da Esperança… À minha mãe também.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

DOIS ÍCONES: CARLOS MARIGHELLA E CARLOS LAMARCA


  1. Voltei a reflectir sobre o actual momento político do Brasil, numa conversa que mantive com uma jovem investigadora desse país latino-americano. A nossa conversa valeu a pena, sobretudo, porque pertencemos a gerações diferentes, mas estamos a ter o privilégio de acompanhar estes momentos que se mostram cruciais na vida do seu país.

 

  1. Como certamente poderão imaginar, estive muito atento ao que se passou no Brasil, durante a década de 1960, até ao fim da ditadura que se prolongou por 20 anos. Contudo, a minha interlocutora, nascida precisamente no ano das “Directas Já!”, ainda está na flor da idade, pertence, por isso, à geração que já se tornou protagonista de um movimento de contestação cujos resultados, até agora, ainda são imprevisíveis.

 

  1. Durante o nosso encontro, tive a oportunidade de recordar duas figuras que foram muito marcantes na oposição à ditadura brasileira e que terminaram por tombar de forma trágica: Carlos Marighella e o Capitão Carlos Lamarca.

 

  1. Posso estar enganado, mas fiquei com a sensação de que esses dois ícones da luta contra a ditadura, Carlos Marighella e Carlos Lamarca, já não inspirarão muito (ou, talvez até, nada) os movimentos sociais desta época, pois os contextos em que eles existiram são completamente distintos dos actuais. Carlos Marighella e Carlos Lamarca lutaram por uma abertura democrática e pelo fim das injustiças sociais típicas dos regimes totalitários. Em contrapartida, os movimentos sociais dos nossos dias direccionam-se, sobretudo, para o aperfeiçoamento de um regime democrático já implantado.

 

  1. Achei conveniente rememorar o percurso desses dois homens que fazem parte da luta do povo brasileiro pela construção de uma sociedade mais justa, mais solidária e mais harmoniosa.

 

  1. Carlos Marighella era baiano e filho de um imigrante italiano com uma mulher negra descendente da etnia africana dos haussás. Pelo seu percurso de vida, vê-se que terá herdado o espírito combativo dos seus antepassados africanos, protagonistas de grandes movimentos de resistência contra a escravidão. Carlos Marighella estudou engenharia, e muito cedo se tornou militante do Partido Comunista Brasileiro, de que se viria a desligar, em 1966, aos 55 anos, por achar os seus métodos de luta pouco adequados para o derrube da ditadura que, dois anos antes, se instalara. Porém, até chegar a este ponto, Carlos Marighella fez um longo e doloroso percurso de luta contra a ditadura de Getúlio Vargas, enfrentando várias vezes as prisões. Tornou-se célebre pela sua resistência e pela firmeza de princípios. Carlos Marighella entrou na clandestinidade em 1948 e nela permaneceu durante 21 anos, até ser assassinado, já na condição de fundador e líder do movimento de guerrilha denominado Aliança Libertadora Nacional.

 

  1. De algum modo, a minha geração política ficou marcada pela gesta guerrilheira de Carlos Marighella, o homem que optou pela criação de um movimento de guerrilha urbana para derrubar a ditadura militar. Foi isso o que eu disse à minha interlocutora, uma jovem académica dedicada, sobretudo, a questões culturais mas, mesmo assim, muito atenta ao actual momento político do seu país. Falei-lhe, igualmente, do Capitão Carlos Lamarca, aquele que se tornou muito notado quando subtraiu de um quartel militar em São Paulo um camião carregado de armamento para dar apoio à guerrilha conduzida por Carlos Marighella.

 

  1. O Capitão Carlos Lamarca foi herói para muitos, pelas suas acções espectaculares de guerrilha. Mas, para outros, era um vilão, pois os seus actos guerrilheiros redundaram em mortes de polícias e militares.

 

  1. Carlos Lamarca tomou maior consciência das injustiças sociais, em 1962, quando cumpria missão militar na Palestina, na Faixa de Gaza, enquadrado nas Forças de Paz das Nações Unidas. Dois anos depois, eclodiu o Golpe Militar no Brasil que impôs a Ditadura. Decidiu, assim, em 1969, desertar do Exército com armamento. Criou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), como instrumento para o derrube do regime militar, tendo-se tornado um verdadeiro pesadelo para o regime. Posteriormente, integrou o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). E foi neste movimento de guerrilha que veio a falecer às mãos do Exército, em 1971, no Estado da Baía.

 

  1. A acção revolucionária destes dois combatentes brasileiros tem que ser analisada à luz do contexto social e político da época em que se notabilizaram. Terá sido o carácter impiedoso do regime ditatorial que estimulou os seus actos violentos que causaram danos materiais e humanos não negligenciáveis. A sua estratégia de luta armada foi apenas mais uma das diversas formas de luta de que se socorreram os descontentes.

 

  1. Hoje o Brasil atravessa um momento muito particular com protestos de rua que mobilizam milhares e milhares de cidadãos. Tais protestos não põem em causa o regime democrático. Questionam, sim, opções de governação e práticas delituosas como a corrupção, que fragilizam desenvolvimento harmonioso da sociedade. Não creio, pois, que daí possam emergir mais líderes como Carlos Marighella e Carlos Lamarca. Para mim, os regimes democráticos possuem mecanismos de correcção que lhes permitem ultrapassar os maus momentos. As democracias não são regimes acabados e têm potencial para se regenerarem e aperfeiçoarem.

 

  1. Foi isso o que eu disse à minha jovem interlocutora. Não notei nela propriamente uma política mas, sim, uma intelectual atenta aos desenvolvimentos actuais no seu país. Foi graças a esse nosso encontro que tive ocasião para rememorar um pouco do percurso desses dois grandes homens que, de certa forma, adubaram o meu percurso de vida.

A RECORRENTE “TEORIA DA CONSPIRAÇÃO”


  1. O debate semanal da LAC, do dia 26, o “Elas e o Mundo”, aqueceu muito, especialmente na discussão do tema proposto por Alexandra Semião, sobre o clima conturbado que o Brasil vive hoje, com manifestações de rua a mobilizarem milhares e milhares de cidadãos, em dezenas de cidades.

 

  1. Inúmeros brasileiros optaram por contestar nas ruas problemas como: a subida das tarifas do transporte público; os gastos exorbitantes efectuados com a preparação das competições desportivas internacionais – a Taça das Confederações em Futebol, o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos 2016; também a ainda pouca atenção dada pelo Estado brasileiro à Saúde e à Educação; e, o que agora mais mobiliza os contestatários, a teia da corrupção de que têm dificuldade em libertar-se.

 

  1. No debate, Alexandra Semião manifestou compreensão pelas razões aduzidas pelos manifestantes. Fez mesmo questão de desvalorizar os efeitos colaterais das manifestações, nomeadamente: a violência e a agressividade de uma minoria, assim como algumas mortes que são resultado de actos perfeitamente marginais ao fundo do problema. A sua compreensão era para as questões de fundo que motivaram os protestos.

 

  1. Por sua vez, a advogada Ana Paula Godinho manifestou-se desagradada pelo facto de, afinal, o protesto estar a ocorrer durante o consulado de Dilma Rousseff, uma presidente da República que, segundo ela, se tem mostrado muito empenhada no combate à corrupção, e envolveu-se na materialização de projectos de desenvolvimento social em benefício dos segmentos mais débeis da população – tal como fez o antecessor de Dilma Rousseff, Lula da Silva.

 

  1. A advogada Ana Paula Godinho declarou suspeitar que as manifestações de rua dos milhares de cidadãos brasileiros poderiam ter por detrás a “mão invisível” de certas potências ocidentais integrantes do G8 – o grupo das 7 economias capitalistas mais industrializadas do mundo mais a Rússia. Alegou que tais potências poderiam estar apoquentadas com o aumento do protagonismo das chamadas “economias emergentes” e, em particular, com o Brasil, um dos países que mais tem posto em causa o mecanismo de funcionamento de certas instituições financeiras internacionais, em especial, o FMI e o Banco Mundial.

 

  1. A advogada recordou que o Brasil se mostrou um dos maiores entusiastas da criação de um Banco Internacional a ser alimentado com fundos provenientes das “economias emergentes” – que viria, seguramente, a rivalizar com o protagonismo do Banco Mundial. Em resposta, outra painelista, Laurinda Hoyggard, mostrou-se em desacordo com aquilo que designou “A Teoria da Conspiração”, subjacente à posição da advogada Ana Paula Godinho.

 

  1. O debate da última Quarta-feira foi, de facto, interessante e muito acalorado, creio que bem apimentado, pois tocou numa matéria de grande interesse político e de muita actualidade. Ele permitiu, inclusive, o estabelecimento de certo paralelismo com outras manifestações de rua, quer as que, no passado, tiveram lugar no próprio Brasil – nos tempos da luta contra a ditadura – quer as que vão ocorrendo, actualmente, em outros países, inclusive, dentro do próprio Ocidente.

 

  1. Durante o debate, questionou-se, igualmente, o facto de os partidos políticos brasileiros estarem por de fora do presente movimento reivindicativo. Chegou mesmo a insinuar-se que tal “apagão” seria, talvez, o prenúncio da sua iminente falência mediática. Creio ser isso um tremendo equívoco.

 

  1. Na verdade, seria um grande erro dos organizadores do movimento reivindicativo “deixarem-se tomar” pelos partidos políticos. Se o fizessem, criariam uma clara linha de fractura entre os cidadãos brasileiros, em função das simpatias político-partidárias de cada um. A despartidarização do protesto nacional foi, sim, a atitude mais sábia. E mostrou-se eficaz. Os organizadores do protesto colocaram o acento tónico em questões transversais que apoquentam qualquer cidadão honesto e de boa-fé.

 

  1. O mérito e a oportunidade do movimento reivindicativo podem medir-se pelos resultados políticos que vou deduzir, de seguida:

 

a)     Entrara na Câmara dos Deputados do Brasil uma Proposta de Emenda Constitucional (o PEC 37) que restringia o poder de investigação criminal do Ministério Público e de outras instituições que se têm notabilizado no combate à corrupção. Pela Proposta, os inquéritos criminais passariam a serem competência exclusiva das polícias. Ao Ministério Público ficaria reservado apenas o papel de apresentação das acções e de arquivamento dos inquéritos. O povo apelidou tal proposta de emenda, que passou a ser conhecida por “Lei da Impunidade”, pois, alegadamente, ela acentuaria o risco de corrupção. Fruto da “pressão da rua”, os Deputados rejeitaram tal proposta, com a seguinte votação: 430 votos contra, 9 votos favoráveis e 2 abstenções. A corrupção é uma das matérias que mais estimula agora o movimento reivindicativo. Como se vê, trata-se de um assunto interno que diz respeito ao povo brasileiro. Não me parece que possam aí vislumbrar-se eventuais “interesses ocultos vindos do exterior”.

 

b)    A Câmara dos Deputados aprovou ainda a decisão de destinar 75% das receitas do petróleo ao Sector da Educação. Na proposta original, apresentada ao Congresso antes das manifestações, a Presidente Dilma Rousseff apontava para 100% da receita do petróleo. Contudo, os Deputados optaram por dividir tal receita em duas partes: 75% destinados à Educação e 25% para o Sector da Saúde.

 

c)     Na mesma linha, os Deputados brasileiros decidiram atribuir à Educação 50% dos “recursos do fundo social do pré-sal” – até serem alcançadas as metas do Investimento do Produto Interno Bruto (PIB) em Educação. O Estado propunha-se despender 5% do PIB para a Educação, mas, agora, pretende-se fazer subir a fasquia para 7%, nos próximos cinco anos, e para 10%, até ao final da década.

 

d)    A aprovação das propostas anteriores contou com o apoio do partido da Presidente Dilma Rousseff que, dessa forma, se colocou em sintonia com os manifestantes, dando-lhes, implícita e explicitamente, razão.

 

  1. Viu-se também que o PT (Partido dos Trabalhadores) não saiu à rua a acusar haver qualquer manipulação por parte de partidos da oposição, ou por “forças ocultas” provenientes do exterior. O PT e a Presidente Dilma Rousseff perceberam, claramente, o sentimento popular. Entenderam o grau de maturidade do povo brasileiro e não procuraram menorizá-lo, colocando-o como um mero joguete nas mãos de interesses estranhos...

 

  1. As Centrais Sindicais prometem prosseguir o movimento reivindicativo, colocando na sua pauta outras matérias: mudanças profundas na política económica do Governo; o combate à inflação; a redução do horário de trabalho.

 

  1. Desse modo, o povo brasileiro está a mostrar a sua maturidade, reivindicando o que acha serem seus direitos legítimos. Certamente que se sentiria amesquinhado se alguém lhe dissesse na cara que eles, afinal, não têm vontade própria e são apenas as mais recentes vítimas da “mão invisível do imperialismo”.